Os factos trágicos desencadearam-se no dia 5 de Março de 2025, uma data que ficará marcada na memória de muitos, especialmente da família de Alcina Nhaume. No dia fatídico, Alcina estava no seu atelier de alfaiataria, um espaço dedicado à sua arte e à expressão da cultura moçambicana através da moda. No entanto, a serenidade do momento foi abruptamente interrompida quando um disparo de arma de fogo atingiu a jovem. O projétil, disparado por agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM), especificamente da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), atravessou a vitrina do seu estabelecimento, causando-lhe ferimentos devastadores que resultaram na perfuração da mandíbula e na desfiguração parcial do seu rosto.
Na sequência do ataque, várias testemunhas relataram que os disparos foram efetuados de maneira aleatória e indiscriminada. Este ato ocorreu durante uma perseguição policial a manifestantes, numa clara demonstração de excessiva força e falta de critério por parte das autoridades. O pai de Alcina, que estava presente no local e viveu na pele a angustiante experiência de ver a filha ser ferida, tentou buscar ajuda junto da própria polícia. Desesperadamente, ele pediu socorro, mas a resposta foi a negação do apoio necessário; os agentes instruíram-no a transportar a filha até à ACIPOL, um centro de atendimento de emergência, utilizando os seus próprios meios. Esta recusa em prestar assistência imediata agravou ainda mais a situação crítica da jovem, deixando a família e os presentes estarrecidos e indignados.
Diante da gravidade dos acontecimentos e da impunidade demonstrada pelos agentes policiais, o Centro de Direitos Humanos (CDD) decidiu agir, apresentando uma denúncia formal junto da Procuradoria-Geral da República (PGR). O documento submetido pedia a abertura de um inquérito criminal para investigar o caso, a responsabilização da agente policial identificada como autora do disparo, bem como de seus superiores hierárquicos. Além disso, o CDD requereu a adoção de medidas de reparação pelos danos sofridos por Alcina, que, devido aos ferimentos, viu não apenas a sua saúde, mas também a sua vida e a sua carreira prejudicadas de forma irreparável.
Este episódio ressalta a necessidade premente de um sistema de justiça eficaz e responsável em Moçambique, em um momento em que a brutalidade policial e os abusos de poder precisam ser abordados com seriedade. Tendo em vista a título de medidas eficazes para prevenir tais acontecimentos no futuro, é crucial que a sociedade civil, as instituições e as autoridades competentes se unam em prol do respeito pelos direitos humanos e da dignidade da pessoa humana.
Saiba mais sobre este caso impactante em: [Centro de Direitos Humanos Moçambique](https://cddmoz.org/wp-content/uploads/2025/09/Ministerio-Publico-ignora-caso-de-brutalidade-policial-contra-Alcina-Nhaume.pdf).

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