Desde a independência nacional, em 25 de junho de 1975, Moçambique enfrenta um crônico problema de transporte, que se manifesta tanto nas zonas urbanas quanto, de maneira mais acentuada, nas zonas rurais. Ao longo de meio século, a situação tem se deteriorado progressivamente, resultado, em grande parte, do crescimento populacional descontrolado e da falta de investimento em infraestrutura. À medida que se avança para as áreas rurais, o quadro se torna ainda mais alarmante, com a degradação das vias de acesso e, em diversos casos, a total ausência de estradas adequadas. O governo, por sua vez, parece incapaz de promover investimentos, nem mesmo em estradas de terra batida, que poderiam assegurar uma melhoria mínima nas condições de transporte.
Para agravar ainda mais esta situação, o governo tem adotado medidas controversas e temporárias, recorrendo ao uso de tratores com atrelados, que originalmente foram projetados para o transporte de carga e animais. Essa decisão tem o objetivo de responder à crescente demanda por transporte nas zonas rurais, mas levanta uma série de questões éticas e práticas, uma vez que esse tipo de transporte é claramente inadequado para transportar pessoas de forma digna e segura.
O Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD) expressou veementemente a sua oposição a essa prática, considerando-a desumana e indignificante. A organização defende que o governo deve priorizar investimentos em infraestrutura básica, como a construção e manutenção de estradas, mesmo que sejam de terra batida. Tais investimentos não apenas melhorariam a circulação em áreas remotas, mas também garantiriam aos cidadãos de Moçambique um meio de transporte mais apropriado e que respeite a dignidade humana.
Esta problemática do transporte em Moçambique não é meramente uma questão de deslocamento físico, mas reflete questões mais profundas de desenvolvimento social e econômico, onde a falta de acesso a serviços e oportunidades pode perpetuar ciclos de pobreza e exclusão. O desafio é grande, mas a solução está nas mãos do governo, que deve reconhecer a necessidade urgente de reformar seu sistema de transporte, focando em soluções duradouras que beneficiem toda a população e que assegurem condições dignas de transporte em todo o país.
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