Desde o momento em que as forças ruandesas desembarcaram em Cabo Delgado, sob o convite do então Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, para auxiliar na luta contra o avanço do terrorismo naquela região, uma interrogação se fez ressoante entre os cidadãos de Moçambique: o que realmente motiva Kigali a enviar suas tropas para um país distante? Tanto Nyusi quanto o Presidente do Ruanda, Paul Kagame, afirmaram em diversas ocasiões que não esperam nada em troca dessa colaboração.
Kagame, em entrevistas, chegou a afirmar que os custos da missão eram cobertos pelos impostos dos ruandeses, mas essa declaração nunca conseguiu dissipar as desconfianças. Existe uma sabedoria popular que diz que não há “almoços grátis”, e os moçambicanos, portanto, nutrem a suspeita de que há interesses ocultos nessa parceria militar. Muitos se perguntam se, por trás da retórica de ajuda humanitária e combate ao extremismo, há realmente uma agenda oculta que beneficia Kigali.
Recentemente, essas desconfianças foram parcialmente corroboradas por uma reportagem da África Intelligence, que revelou que Moçambique enfrenta dificuldades financeiras para remunerar adequadamente as tropas ruandesas. Este desenrolar da situação reforça a ideia de que a assistência militar do Ruanda pode não ser desinteressada, conforme inicialmente alegado. No entanto, a natureza precisa dos objetivos de Kagame e os possíveis acordos estratégicos entre os dois países continuam a ser objeto de especulação e análise por parte da sociedade civil moçambicana.
A população, tendo em mente os desafios econômicos que o país enfrenta, questiona se a colaboração com Kigali realmente traz vantagens concretas a Moçambique, ou se, ao contrário, perpetua uma relação desigual, onde o pequeno país se vê sob a dependência das forças de um regime que opera a milhares de quilômetros de distância. É evidente que o diálogo entre os dois líderes deve ser transparente e clarificador para que a confiança popular não se desgaste ainda mais.
Comentários
Enviar um comentário